domingo, 5 de junho de 2011

Capitulo 6 - Finalmente em segurança

   A multidão de infectados agora desejava o ônibus. Aqueles demônios deviam ver tudo como um verdadeiro banquete dentro de uma embalagem. O motorista parecia ainda não ter nos visto, e os zumbis estavam entre o veículo e nós. Era uma situação realmente muito difícil.
-Aqui! – Minha mãe gritou abrindo a porta da frente. Nesse momento eu pude ver três desmortos correndo em nossa direção. Puxei-a para dentro e tentei fechar a porta. Era tarde: Eles haviam entrado.
   Os zumbis urravam e mancavam enquanto invadiam a loja sem hesitação alguma. Rosana gritava histericamente, recostada na parede atrás de mim.
   Saquei as minhas facas e esperei uma maior aproximação de algum deles. Eram dois homens e uma mulher. Eu me preparava para o combate mais perigoso de minha vida.
-Mãe, sai daqui. Tem uma porta aos fundos. – Falei em voz alta, sem desviar a minha atenção dos inimigos a frente.
-A gente ainda precisa acordar o Renan! Cadê ele, afinal? – Senti um calafrio percorrer o meu corpo. Não era um bom momento para discutir. Naquele instante, um zumbi saltou em minha direção, me pressionando contra a parede.
-Sai daqui, mãe! – Gritei com toda a minha vontade. Rosana pegava a caixa registradora para atirar em meu atacante quando outra infectada conseguiu alcançá-la, derrubando-a.
   Eu tentava manter a boca do indivíduo distante de mim, mas ele era determinado. Com um movimento rápido, consegui jogá-lo para a esquerda, arremessando-o. Seu corpo voou rumo a parte superior do balcão. Bateu e caiu do outro lado, arrastando inúmeros objetos consigo. Foi bem a tempo de ver o segundo homem se aproximar correndo. Mirei na lateral de sua cabeça. Ajeitei meu corpo numa posição mais favorável ao golpe. Foi então que decidí atacar: Girei meu braço com força e velocidade, fincando uma das facas na têmpora do infectado: Morte instantânea. Sentí, com repulsa, os respingos de seu sangue sobre meu rosto.
   Olhei em volta: O primeiro zumbi a me atacar agora já se levantava. Minha mãe gritava de dor e agonia enquanto era atacada pela desmorta. Puxei a infectada pelas costas e a joguei no chão. Rosana já se adiantava para longe dali, abrindo a porta dos fundos. –Finalmente – Pensei.
   Segurei com vontade a minha segunda e última faca: Era a minha preferida. Agora restavam apenas eu e os zumbis, que entravam sem parar. Olhei para a lâmina ainda brilhante. Eu podia sentir a adrenalina pulsando em minhas veias, tudo parecia estar em câmera lenta. Os bastardos entravam mancando e se arrastando pelas paredes até então limpas.
  Um profundo sentimento de ódio me possuía. Antes que pudessem se aproximar, eu estava correndo para cima deles. Por alguns instantes me confundí com um deles: Correndo como uma besta para cima do perigo, sem medo da morte.
   Tomado por instintos de batalha, matei o primeiro deles encravando-lhe a faca em um de seus olhos. Com dificuldade, retirei a lâmina com cuidado, no momento em que estava sendo atacado por uma criança infectada. Conseguí tirá-la do caminho com um chute certeiro na altura de seu peito. Me embrenhei entre as dúzias de monstros, matando alguns deles. Logo eu estava cercado, numa situação que ameaçava a minha sobrevivência. De fato, não era uma boa estratégia ficar por ali. Voltei-me para a porta dos fundos, porém logo percebí que era impossível de se passar: Mais zumbis adentravam o local por lá.

-Fudeu – Pensei alto. Procurei com o olhar por outra saída. Uma porta branca atrás da sessão de roupas íntimas parecia ser a melhor opção de fuga. Corri com esperança na sua direção. Minha visão estava embaçada, a respiração ofegante. Saltei e driblei por entre os obstáculos da loja: A porta estava trancada. Atrás de mim havia uma aglomeração incontável de infectados que apenas se aproximavam.
   Pela janela, eu podia ver o ônibus parado tentando perpassar a grande multidão de zumbis que o cercava também. Não estava muito longe da loja. Focando minha atenção na porta, decidí tentar arrombá-la.  Joguei o meu corpo contra a madeira. Da primeira vez, nada aconteceu. Tentei de novo e de novo: O mesmo resultado.
  Derrubei uma prateleira inteira de calçados entre eu e a horda de zumbis, tentando ganhar tempo. Foi então que avistei a caixa registradora. Peguei-a e batí-a na maçaneta, destroçando o mecanismo de abertura. Efetuei mais alguns golpes até que pudesse abrir a porta.
   Havia uma escada não muito grande levando a um andar superior. Sem pensar muito, me adiantei pelos degraus e abrí a porta. Fui envolvido por uma brisa fria e aconchegante. Senti o ar puro da noite adentrar os meus pulmões: Eu chegara ao terraço.
   Ouví disparos próximos a mim, que me deixaram temporariamente surdo. Os passageiros do ônibus atiravam pelas janelas com suas armas de fogo. Debruçado no parapeito, comecei a avaliar a distância e altura do meu salto até o veículo. Porém alguns berros vindos de trás me chamaram a atenção. Havia pelo menos dois desmortos subindo a escada. Sem pensar em mais nada, eu pulei.
   Com um baque surdo, aterrissei duramente sobre a carroceria, deslizei um pouco para o lado até conseguir me estabilizar por completo. Ví que havia uma pequena abertura na parte superior do ônibus, como uma saída de emergência. Rastejei até lá com cuidado para não cair: Uma doze apontada para meu rosto. Só deu tempo de tirar a cabeça da direção das balas. Logo pude ouvir repetidos disparos. Entrei em pânico antes mesmo de notar que eles não se dirigiam a mim.
-Não sou um deles! Eu não sou um deles! – Gritei repetidas vezes, sem ouvir a minha própria voz, até que se cessaram os disparos. Joguei-me ao chão do veículo e levantei o meu olhar hesitante. Minha visão se chocou com um homem alto, negro, que recarregava sua escopeta. Parecia ter cerca de trinta anos. Quando me viu, o rapaz tirou uma faca de seu casaco e apontou-a para mim.
-Estou bem, não sou um deles! – Eu disse antes que ele pudesse tomar qualquer decisão precipitada.
- Já ví que você não é um deles. Só espero que não esteja aqui para nos saquear. – Respondeu sem abaixar a arma. - Tem alguma arma? - Tirei a minha faca da cintura e entreguei em sua mão.
-Agora não tenho mais. E também não sou saqueador, mas apenas alguém que quer sair daqui... Mãe! – Exclamei ao ver minha mãe sendo puxada porta adentro. Alguns homens tentavam fechar a porta, enquanto ela -agarrada de sua mala-, apenas agradecia por terem salvo sua vida. Corri em sua direção e levei-a até um assento. O ônibus estava mais deserto do que imaginei.
- Meu nome é Matheus. – Me apresentei ao rapaz que antes tentara atirar em mim.
- Meu nome é Lucas. Desculpe por tudo isso. –
-Tudo bem, mas cadê todo mundo?
-“Todo mundo”... Eu acho que isso é todo mundo. – Ele apontou para o ônibus, com cerca de dez pessoas dentro. – Me desculpe, mas não sobrou muita gente. Desculpe por te desapontar. -

4 comentários:

  1. Muito bom, espero anciosamente pelo capítulo 7!

    ResponderExcluir
  2. CADÊ O SÉTIMO? È_É

    -brinks Q

    Não, sério... posta logo o sétimo, tô morrendo de curiosidade!
    E mantenha-se assim, um bom escritor!

    :D

    ResponderExcluir
  3. Calma ,galera! acho que até anoite tem o 7° catipulo.

    ResponderExcluir