Não havia ninguém na portaria. Olhamos em volta: O vento soprava balançando as folhas das árvores. Ouvia-se o cripitar das chamas que se espalhavam por diversos locais da cidade. O lugar estava, felizmente, deserto.
-Pulamos a grade? – Perguntei. Renan examinava seu cabo de madeira quebrado, em silêncio. Jogou-o fora e dirigiu sua atenção a mim.
-Você que sabe, eu não moro aí.
Virei meu olhar novamente ao prédio: Todo o térreo estava sem sinal de vida. A guarita mostrava marcas de sangue em sua janela quebrada. Naquele momento percebi que não existiam mais lugares seguros. Se aquelas criaturas já não estivessem lá, cedo ou tarde entrariam.
-Acho que eles já entraram aí. – Avisei.
-Beleza, e agora? – Renan não parecia demonstrar emoções, sequer se sentia nervoso com toda aquela situação. Tudo estava realmente estranho. -Eu já sabia disso. Mas você veio aqui com algum objetivo... Não foi?
Encarava-me esperando por respostas. Claro que eu vim para cá com um objetivo! Mas não tinha certeza se o que eu pensei ainda era concreto. Imaginei voltar e pegar suprimentos, resgatar a minha familia. Mas quem sabe se ainda estão vivos? Era uma pergunta que eu procurava evitar.
De repente, um barulho de motor quebra o silêncio. O som vai aumentando cada vez mais, até que na esquina aparece um furgão preto dirigindo em alta velocidade. Vira com tudo à esquerda e derrapa bruscamente. Eu consigo ver as iniciais “CCAB”, acima de um simbolo de perigo biológico. Seguindo o primeiro, mais dois veículos idênticos a esse passam fazendo a mesma tragetória. Era um comboio.
-O que aconteceu aqui?- Falei. Renan, dessa vez, parecia tão confuso quanto eu.
-Como é que eu vou saber? – Respondeu.
-Enfim... Vamos entrar? – Inspirei e tomei coragem, afinal não dava para ser precavido o tempo todo. Alguma hora eu iria ter de arriscar. Segurei minha arma branca com firmeza, enquanto observava o Renan vasculhar a lixeira por alguma coisa nova.
Eu procurava por algum sinal de esperança no lugar. Alguma janela pintada, ou mesmo o som de helicópteros. Nada. Não era o fato de existirem zumbis que me incomodava, o que me deixava verdadeiramente preocupado eram as iniciativas das pessoas. Como será que o governo reagiria? Pelo que sei da história, geralmente não é nada legal ficar dentro da zona de quarentena. E que merda de carros eram aqueles que passaram?!
-Olha o que eu achei! – Gritou Renan, sorrindo. –Uma pá! – Ergueu então o instrumento.
Acenei para ele e então invadimos meu próprio prédio. Todo o térreo estava limpo, subimos então a escada para o saguão. No lobby, as paredes estavam marcadas em vermelho, e tudo estava silencioso. O espelho quebrado ao canto. Adiantávamos-nos em direção ao elevador quando ouvimos passos. Um infectado vagava pelo corredor ao lado. Em silêncio, esperamos que ele passasse.
Com um sinal sonoro, a porta do elevador se abre. As paredes estavam como todas as outras: Manchadas. Um corpo jazia imóvel no canto direito. Renan se adiantou e carregou o homem para fora. Era um sujeito alto, vestia terno e gravata. Eu conhecia aquele homem. Era meu vizinho Carlos, de vinte e nove anos. Tinha acabado de arrumar um emprego digno, após tanto tempo de estudo. Estudo que não lhe serviria de nada agora.
Cuidadosamente, adentramos no elevador e subimos até meu andar. A porta abriu-se vagarosamente, como se quisesse ver o medo em nossos rostos. Era um longo corredor mal-iluminado. O lugar parecia estranhamente intacto. Avançamos até a porta sem falar uma palavra sequer. Estávamos ofegantes ainda, por causa da exaustiva ladeira. Nesse momento eu lembrei que não estava com a chave, provavelmente estava na mochila. O único problema era que a mochila havia ficado na escola. Minha única esperança era rezar. Após respirar profundamente, acenamos com a cabeça um para o outro. Então toquei a campainha
Oi, eu escrevo Filhos do apocalipse, se quiser cria um banner do seu blog que eu coloco lá no meu blog.
ResponderExcluirto curtindo a história mano!
ResponderExcluirtá ficando massa! xD